Enquanto vcs anoitecem a sexta-feira, eu vejo surgir aqui uma manhã de sábado nublada. Às vezes me parece que uma nesga de sol está cobrindo o quase verde jardim do hotel, mas logo ela desaparece. Das brechas da minha janela, acompanho o funcionário que varre e ajeita as plantas.
Não, não tenho a ilusão de que será um dia de graus amenos. O calor lá fora deve ser o mesmo destes dias todos, e é uma quentura que envolve como uma bolha de sabão, daquelas que fazemos na infância, e te leva para todos os lugar. Nunca rompe, nunca desanima, e mesmo que quase sufoque em alguns momentos, parece te acarinhar.
Foram dias agitados. Na quinta-feira, falamos com o Swami Shantatmananda, do Ramakrishna Mission. Ele nos recebeu com enorme disposição, serviu-nos um doce sagrado e pediu para encaminharmos as perguntas por email. Fizemos isso assim que chegamos ao hotel. Na sexta, logo cedo, estávamos lá, eu e Fernanda, para a entrevista. Foi ótimo!
O almoço foi num típico restaurante indiano. Gente, gente, gente!!! Eu e a pimenta, a pimenta e eu, sabe? Então. Um casamento que não se fez...hahahahaha. Maninho, como sofro com o Massala! Meu paladar ocidental não consegue se conectar com a gostosura do tempero indiano: saem lágrimas dos meus olhos, o calor aumenta, uma loucura! Mas eu sou brasileira e não desisto nunca e, assim, tenho feito todas as refeições em lugares onde posso sofrer um pouco mais. Minha frase básica para o garçom é: - Sir, no chili, please!!!
Mas nunca dá certo...:-).
Mais tarde, encontramos o Embaixador do Brasil na Índia, Marco Brandão, e o Ministro-Conselheiro, José Carlos Fonseca. Foi muito bacana! É tão bom saber que o trabalho que estamos desenvolvendo está sendo acarinhado por tanta gente! O coração se perfaz de certezas, e se o compromisso aumenta a responsabilidade, também infla o orgulho em fazer parte disto tudo.
Já era noite, 9 horas, quando fui ao Dilli (de Delhi) Haat (de feira), mercado com produtos regionais. Lindo! Uma praça ampla, a céu aberto, com barracas representando os estados indianos. Eu, Nisha (irmã do meu amigo Amitabh), Amit, o pequenos Yashlardhan, filho de Nisha, e Adjé, professor universitário que fala português perfeitamente. Tentei, mais uma vez, o calor do tempero indiano. Que nada! Comi pouquinho, mas comi da maneira correta: com a mão direita, recolhendo a comida com os dedos e colocando na boca. Sempre a mão direita, já que a esquerda é usada para o asseio. E, bom, se a comida não é a minha melhor amiga, o mesmo não posso dizer dos doces. Neste jantar, experimentei o mishti (de doce) doi (de iogurte). Afe Maria, que coisa mais melhor de boa, sô! Textura aveludada, cheiro entre o ácido e o doce, vai descendo pela boca, recobrindo a língua daquela sensação. NhamNham! Ah, sim! Meu maior orgulho: para chegar ao Dilli Haat, peguei um auto, um tuc, tuc, s-o-z-i-n-h-a!!! Negociei (barganhei) o preço e cheguei direitinho ao meu destino. Viva! Estou aprendendo!
Na sexta, depois da entrevista com o Swami, fomos encontrar o Flávio, que tb trabalha na embaixada. Ele tem histórias ótimas e pode contá-las diretamente para vcs no blog que está escrevendo. O Roberto, um indiano que chama Roritz mas teve seu nome abrasileirado pela Gloria (com quem esteve durante a primeira visita da nossa equipe à Índia) veio trabalhar conosco e foi ótimo, incrível mesmo. A voz dele parece ter o mesmo tom acobreado da pele, é suave e certa, direta. E devo a ela uma das experiências mais incríveis da minha vida: a visita um bairro Dalit. Mas esta, nossa, esta tem que ser contada à parte, num lugarzinho só dela aqui no blog, pq é uma daquelas coisas que nos fazem redemoinhos.
À noite, finalmente, uma balada!!! *risos* Encontrei com alguns brasileiros que moram aqui. Juliana, Patrícia, Raquel, Mauro, Fernanda, Flávio, Tiago e mais um tanto de gente. Foi divertido e acolhedor. Mas a noite aqui acaba cedo (felizmente!!! :-)). Logo, logo eu estava no hotel, pensando na maravilha que é poder trabalhar com o que eu mais gosto na vida: gente.
Uma limonada com sal vendidas nas ruas. É bem comum e revigorante para o calor!
Essa erva digestiva também é vendida nas ruas. O comérico popular, aliás, se espalha pelas esquinas.
Um comentário:
E vou te acompanhando por aqui, Giovana. O Mishti doi mexeu comigo. Um beijo grande. Direto da madrugada total carioca para a manhã nublada por aí.
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